Thursday 18 September 2008

Alguns Razoes do Regresso



Avenida dos combatentes - Luanda



Esta manhã ao ler uma manchete na seccão “this is money” (isto é dinheiro) do jornal inglês “The evening standard”, reforçou em mim a decisão de voltar a Angola. É isto ai parentes, ‘tou de volta. O artigo abordava a emigração inglesa para o resto do mundo.Hoje são muitos os filhos da rainha que buscam refugio em paragens menos onerosas. Agora é a vez de um filho da rainha N’zinga voltar a terra. De facto viver hoje na inglaterra significa trabalhar para financiar os projectos cada vez mais onerosos do governo e para enriquecer homens de negócios que controlam as grandes companhias. Não me estou a queixar. Nada vêm do nada. Mas a verdade é que o preço dos bens e serviços aumentam a cada dia que passa, o que torna a vida do cidadão difícil. Naturalmente o pesadelo do inglês é o paraiso do zimbabweano, mas para quem está habituado a uma vida confortável, sem grandes preocupações financeiras, o momento actual não é dos mais agradaveis. Vivemos aqui uma sociedade obsecada financeiramente. Nada vem sem um recibo. Paga-se caro pela água, pela electricidade, pelo transporte dos miudos para escola, pela merenda escolar, pela gasolina, pela terra em que vivemos (em Angola quem paga o estado pelo terreno em que vive ?) , pela renda, pela tv cabo, pela internet banda larga, pelo telephone, paga-se carissimo pelo mau parqueamento (se bem que neste particular em Angola paga-se mais), pelo excesso de velocidade, por deitar lixo no chão ( caso for pego) , por pôr papel ou residuos reciclaveis em saco de residuos pereciveis, enfim esta é uma sociedade obsecada pelo bolso do cidadão. A prosperiedade e a grande organização inglêsa vem do bolso do cidadão. Como angolano que deixou o pais no inicio da decáda de 90, formar-se na inglaterra e trabalhar nela como quadro qualificado, parecia ser o culminar de um sonho a muito aspirado. No entanto, depois de ter-se o que muitos consideram um salario acima da média, e establecer-se numa das mais prosperas sociedades da terra, comecei a questionar-se se valia a pena trocar a minha bela terra, com a companhia amorosa de meus familiares por uma vida confortável mas cheia de pressões. Após quatorze anos dicidi aceitar a proposta de voltar a Angola. Vou com medo, porque sei que não será fácil. Vou com determinação porque acredito ter as ferramentas e o desejo de vencer. É claro que terei de enfrentar um transito infernal, é claro que terei de enfrentar os meus familiares e amigos que hão de criticar-me constantemente por os meus filhos não falarem o português. ( Abro aqui um parêntises para dizer já de antemão que se tiverem um pouco de orgulho, não critiquem-me por os meus filhos não falarem uma lingua estrangeira, o português, critiquem-me antes por os meus filhos não falarem a minha lingua nacional materna, o kimbundo. Mas como poderia ensinar o kimbundo se ao longo dos anos não me foi dado pela sociedade e pela familia ? ). OK. Angola tem os seus problemas, mas quem não os tem ? Estamos hoje onde muitos estiveram no passado. Não fosse a Guerra fracticida que nos assolou por decádas, hoje estariamos a falar das belissímas auto estradas angolanas, das pontes impressionantes sobre os nossos rios, das praias limpas da costa angolana, das belas mansões e apartamentos do sul e centro de Luanda, da paz e prosperiedade das outras 17 provincias do pais e naturalmente dos inúmeros turistas vindos dos quatro cantos do globo. Mas não se enganem, lá havemos de chegar , é uma questão de tempo. E de planificação. E de organização. E de trabalho árduo. E de estudo e formação continuas para todos. E de sacrificio. E de competição em todos os sectores da nossa económia. E de oportunidades para todos. E de … OK o mais importante é que haja vontade e disposição de fazer. Mas voltando a questão de voltar a Angola. Pense seriamente nisso. Apartir de hoje. Não espere que as coisas se resolvam por si. Planifique Cui-da-do-sa-men-te o teu retorno. Sem pressas. Sem emoções. Analise o Mercado angolano e pergunte-se : O que preciso fazer para não ser uma carga aos que lá estão mas antes uma benção ? Preciso estudar algo que me possibilite emprego aceitavél ? Onde posso investir com certa segurança o capital acumulado durante minha vivência na estranja ? Que dizer de meus filhos ? Devo leva-lo agora comigo, ou esperar mais alguns anos para que se tornem auto-suficiêntes e possam tormar suas decisões e viver com elas ? Enfim meus amigos esta questão de voltar ou não voltar deve ser tomada unicamente pelo individuo(s) envolvido(s). Assim caso as coisas deiam certo este(a) terá a satisfação de saber que tomou a decisão certa, mas caso as coisas deiam para o torto não apontem o dedo ao Chico ou ao Tony que são os responsáveis pela minha desgraça. Um kandando forte aqui do N’ga Zuze que provavelmente vos estará contando na próxima edição façanhas da minha chegada a N’guimbi. ( quero dizer Luanda)

Contacto:
angolano@hotmail.co.uk
http://kambiala.blogspot.com

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