Wednesday 8 April 2009

Onde anda o sorriso Angolano ?





Num destes dias fui ao supemercado ( parte de uma rede de lojas bem conhecida e aparentemente originária das terras de Mandela ). Depois de ficar escandalisado com os preços dicidi encher o meu cesto de compras e finalizar o meu passeio pelo Belas Shooping. Pacientemente suportei por quase vinte minutos a fila de clientes dispostos a pagar pelas compras feitas e finalmente chegou a minha vez. Puz as minhas compras no balcão da caixa registadora e esperei. A senhora que me devia atender, olhou para mim, com aquele olhar de quem diz “Estas a espera que te chame ? ” e friamente disse: “Puxe as coisas para junto de mim.” Eu desculpei-me, visto que, não me dera conta que a caixa não tinha um tapetesinho rolante a que estava habituado. ( Para melhor compreensão do leitor vivi os ultimos quinze anos fora de Angola). Enquanto era atendido olhava atentamente para a expressão facial da senhora que me (des)servia. Seu rosto era a personificacão do desprezo para com o cliente. Dele pude tirar varias ilações: 1. “Voces são uns chatos, uma sujeita vem trabalhar e tem que aturar essa gente que so me da trabalho”. 2. “Quem estes pensam que são ? Acham que podem vir aqui e exigir um sorriso da minha parte ? Nem morta !” 3. “Se pudesse nem estaria aqui. Estaria num cabeleireiro recebendo o tratamento que uma senhora como eu merece”

No final do atendimento agradeci e não tive resposta. Dirigi-me então a seccão onde deixara ficar as coisas que não eram permetidas dentro do local de compras. A jovem senhora de quase trinta anos que lá encontrei ja me tivera dado um tratamento silencioso e frio ao deixar as minhas coisas. Ao entrar para a loja encontrei-a sentada e de bracos cruzados a espera do proximo chato. Aproximei-me e entreguei os meus haveres. Ela levantou-se mole e lentamente e arrastando os pés pegou as minhas coisas e colocou-as numa das gavetas. Trouxe então uma placa numerada e estendendo a mão na minha direccao deu-ma. Neste processo todo, nem uma palavra foi dita, nem um sorriso foi esboçado, apesar de eu a ter cumprimentado e sorrido para ela. Ao terminar as compras e a caminho de buscar as minhas coisas, estava dicido a mudar o cenário. Cumprimentei-a novamente e sorri. Depois disse “Cara senhora muito obrigado por sua gentileza em guardar minhas coisas. Sabe, seu trabalho é importante para mim e espero que tenha um bom dia.” Para minha supresa ela sorriu. Seu rosto ao sorrir tornou-se mais belo, mais jovial. Se ela sorrisse mais vezes e procurasse ter uma atitude mais amistosa acredito que poderia, caso fosse solteira, casar-se com quem quisesse, Big Nelo, Zedu dos Santos, Pedro Nzagi ou puto prata.

A dias estava falando com um colega expatriado (Inglês) e uma observacão feita por ele foi que angola é um pais lindo. Tem um clima maravilhoso. Tem praias agradabilissimas, mas notou que as pessoas na rua não sorriem. O que o homem quiz gentilmente dizer-me é que não somos amistosos.

A algumas semanas dirigi-me a um dos bancos da nossa capital, ai junto ao ministerio das relacões exteriores perto da rua rainha njinga. Ao sair apercebi-me que vinha a minha trás um distinto senhor, bem aprumado e com ares de gente importante. Como de costume dicidi dar-lhe primazia e, abrindo a porta deixei-o passar. Esperava um sorriso, um obrigado, qualquer coisa que denotasse agradecimento ou simpatia. Recebi silêncio. Falando cá com os meus botões dicidi que doravante no futuro faria gentilezas daquela espécie apenas a gente de aparência humilde, visto que os aparentemente mais favorecidos materialmente pareciam ter o rei na barriga. Mais tarde cheguei a conclusão de que seria tolo da minha parte mudar a minha maneira de ser por causa das mas maneiras de um punhado de gente mal educada.
Vivemos na Luanda de hoje, numa sociedade nada gentil, pouco, mais muito pouco mesmo elegante. A dias enviei um email ao chefe do departamento de transportes da empresa para quem trabalho. A razão do meu email, foi que o motorista que transportou-me de casa para o local de trabalho fizera algo fora do comum: Parou nos dois semáforos que encontrou no trajecto que faziamos. Quando encontrou senhoras zungueiras atravessando a rua, deixou-as gentilmente passar. Respeitou velhas e crianças na rua e não buzinou desnecessariamente a outros motoristas. Impressionado dicidi dividir isso com o chefe dele. Para minha satisfação o meu homem retornou o email dizendo que o motorista seria proposto para receber o titulo de motorista exemplar naquele mês.

Eu sou daqueles que acreditam no poder de um sorriso. Sorrir ao sair de casa diz a esposa, ao marido e aos filhos o quanto os amamos. Sorrir ao vizinho transmite-lhe a ideia de que o apreciamos e desejamos-lhe um bom dia. Sorrir ao guarda da empresa que passou a noite toda em claro, ajuda-o a acreditar que seu esforço não foi em vão, que serve a pessoas que valorizam o seu sacrificio. Sorrir ao colega de trabalho esteja ele(a) sob nosso comando ou seja superior hierarquico, passa a mensagem de termos prazer em trabalhar com ele(a), que faremos o nosso melhor para ajuda-lo(a) no que for necessario. Sorrir para o cliente passa a este a ideia de que sem ele não teriam a oportunidade de estar ai trabalhando para sustentarmos nossos entes queridos.

Ainda acredito que um dia sorriremos mais. Não um sorriso falso, mas um genuino, e voltaremos a ser uma nacão mais amiga e fraterna, cada um importando-se um pouco mais com a felicidade do próximo.









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1 Comments:

At 19 May 2009 at 03:13 , Anonymous Anonymous said...

Lindo artigo, lindo blog obrigado amigo e continue é preciso que todos nos metamos a puxar na mesma direcção, a da razão ...como esta pagina o Afromen... ;) afinal o sorriso acabarà por vencer!

desejando-lhe montanhas de felicidade

Rui Miranda
www.farrangola.com

 

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