Sunday 26 April 2009

O Encontro

Por: Cardoso Jr


O sol escaldante convidava os banhistas a mergulharem na água. O mar calmo, com ondas nao brávias, era o lugar ideal para ficar naquela praia semi deserta -se comparada com as mais movimentadas da cidade de Luanda. Familias sorrindo divertiam-se alegremente. Homens de barriga grande apreciavam cerveja gostosa. Nocal, cuca ou Eka, nao importava a marca. O que o angolana gosta é de uma geladinha em tempo quente. Mulheres com fatos de banho escandalosamente pequenos e finos passeavam pela praia. Jovens recuperavam-se da ressaca da noite anterior dormindo aqui e ali ao longo da praia cheia de area branca e fina. Chineses que participam na reconstruçao do pais esqueciam por um dia o trabalho e deliciavam-se na água azul da ilha de Luanda. Nas pedras gigantes que apareciam ao longa da costa, alguns sentiam a briza agradável de uma manhã de domingo. Bem junto a Estrada senhoras alegres vendiam de tudo um pouco, desde bebidas várias a suculentos pedaços de carne. Ao longo da rua e quase por toda a sua extensão, discotecas, bares e pequenas lanchonetes estavam ai para satisfazer a todos os bolsos vinte e quatro horas por dia.

Mario, cansado de uma semana de trabalho estressante procurava descansar e relaxar a mente lendo um livro. Volta e meia dava um mergulho. Tomava um batido de abacate com um pouco de rum e apreciava os arredores. Olhava os casais a sua volta e um sorriso nostálgico fazia-lhe lembrar aquela que se fora. Tukayana fora o grande amor de sua vida. Mas quizeram as circunstâncias que ela se casasse com outro. Costuma-se dizer que alguns só dao real valor ao quem têm quando o perdem. Ele era a prova viva disso. Voltou o olhar para o livro. ‘Pra que viver de um passado triste ?” O futuro era brilhante e estava ai para ser vivido. Adormeceu. Quando abriu os olhos espantou-se. Haviam passado duas longas horas. Eram 3 da tarde e precisava voltar para casa. Arrumou as coisas e preparava-se para rumar para o carro, quando a viu. Era a criatura mais perfeita que vira em sua vida. Andava calmamente, arrastando os pés na areia. Seu andar era elegante e gazelístico. Seu olhar perdia-se no horizonte. Parecia oblivia a tudo que a rodeiava. Mario voltou a poisar as coisas no chao. Sentou-se novamente na areia. Ficaria ai observando-se a vida inteira se fosse necessário. A Linda moça passou por ele. Quiz disser algo. Faltarem-lhe as palavras. Continuou a olhar para ela. Aquela era a uma deusa na terra. Mecanicamente levantou-se e balbuciou qualquer coisa imcompreensivel em direcçao a jovem senhora. Ela apercebendo de sua presença primeiro olhou para ele desconfiadamente, depois apercebendo-se de sua visivel perturbaçao sorriu. Mariana sabia do efeito que sua beleza tinha em certos homens. Aquele parecia-lhe diferente. Tinha algo de atrativo, que ela nao conseguia ver o que era.
“Desculpe se a incomodo” – disse ganhando a compostura – “Mas nao resisti a tentaçao de conhece-la” – disse finalmente.

“ Cuidado que a curiosidade já matou muito gato “ – Respondeu Mariana sorridente. Esta estranhou sua reaçao. Noutras circunstâncias teria repelido qualquer contacto com homens estranhos. Mas aquele dava-lhe um senso de segurança que a muito nao sentia.

Passados dez minutos falavam como se tivessem conhecido a muito tempo. O sorriso dela parecia musica aos ouvidos de Mário. Pediu-lhe o número de telepone. Ela quis saber para que. Ele disse que era para poder manter a sanidade. Deixar de falar para ela agora que encontrara seria semelhante a vegetar. Conversaram por minutos a fio. Despediram-se com a promessa de almoçarem juntos ao longo da semana. Ela era jurista na area bancária. Ele engenheiro senior de uma petrólifera. Trabalhavam no pequeno circulo que era a baixa de Luanda. Felicissimos despediram-se. Mario viu Mariana subir elegantemente no Hyunday Santa Fé de seu irmao. Acenou para ele. Enviou-lhe um beijo carregado de esperança. Beijou o cartao com o número dela. O carro que levava Mariana partiu e Mário eufórico, ligou imediatamente para o amigo Gildo. “Encontrei a minha princesa. Finalmente !” – gritou de alegria. Sorriu felicissimo. Dirijindo-se para o carro, mal conseguia disfarçar tamanha alegria. Cantarolando “Lady in Red” de Chris DeBorough subiu no carro. Dirijiu o carro em direicçao a casa. O dia estava fechando-se. Eram cinco horas tal foi o tempo que ficara conversando com Mariana. Depois de alguns minutos observou que o tráfego se estava condensando. Os carros estavam andando devagar demais para aquela hora de domingo. Perguntou a um miudo que por ai passava, o porque de tal engarrafamento. O miudo nao sabia. Continuou conduzindo. Mais a frente carros da policia e uma ambulância supevisionavam um acidente. Aproximou-se calmamente. Foi entao que o coracao quase lhe saiu pela boca. O carro acidentado era um Hyunday Santa Fé cor de cinza. Encostou o carro e como louco correu em direcçao ao lugar do sinistro. Incrédulo observou que dois corpos estavam completamente esmagados dentro do carro sobre o qual caira um contentor de quarenta pés, sustentado sobre um caminhao mal seguro. Gritou histéricamente e correndo rompeu a barreira policial achegou-se ao carro. Era Mariana e o irmao. Sentou-se no chao e chorou como um bebé. Ouviu apenas o policial. Dizer: “É mais um motorista irresponsável que tirou a vida de dois jovens inocentes e cheios de futuro” Perdeu os sentidos. Acordou na clinica sagrada esperança para onde fora levado. Perguntou que horas eram e o que fazia ai. Explicaram-lhe que perdera os sentidos na praia, presumindo-se que por ter tomado muito sol. A Médica que o atendia tinha um sorriso extraordinário e era parecida a menina do seu sonho. Nao tinha perdido a sua Mariana afinal de contas. Compreendeu que ao ler o livro debaixo do sol intenso perdera os sentidos. Fora levado ao hospital onde meio dormente ainda conseguirá ser a médica que se tornará a dona do seu sonho. Afinal ela estava viva. Nao diria nada a ninguém, voltaria mais tarde para outra consulta e para conhecer melhor aquela criatura que tanto no sonho como na vida real estava tomando conta da vida dele. Deu-se-lhe baixa. Doutora Mariana achou que nao havia necessidade de mante-lo hospitalizado. O sorriso e a simpátia dela era iguais aos do sonho. Ela disse estar cansada e na hora de terminar o seu periodo de trabalho. Despediu-se dele. Alegre por ter sido apenas um mau sonho, que resultará em encontar-se com ela, Mário dirigiu-se a porta de saida. Mariana estava lá também. A ver chegar um carro, ela saiu correndo para abraçar o marido e os dois filhos. Parecia felicissima. Aquela mulher parecia amar profundamente a sua familia. Sua reacção ao ve-los falava por si. Mário parou estarrecido. Observou a felicidade de Mariana e compreendeu que afinal o pesadelo continuava na vida real.

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